quinta-feira, 28 de abril de 2016

Audouin's Gull



Larus Audouinii

En-Us:Audouin's Gull -Ca:Gavina corsa -Da:Audouins Måge -De:Korallenmöwe -Es:Gaviota de Audouin -Fi:välimerenlokki -Fr:Goéland d'Audouin -It:Gabbiano corso -Nl:Audouins Meeuw -No:Middelhavsmåke -Pt:Gaivota-de-Audouin -Sv:Rödnäbbad trut -Ru:Чайка Одуэна

A gaivota-de-audouin (Larus audouinii) é uma ave da família Laridae. É maior que a Gaivota-de-cabeça-preta (Larus melanocephalus) Os adultos têm as patas acinzentadas e o bico vermelho.
A espécie é monotípica (não são reconhecidas subespécies).

Fenologia no Continente Português: Nidificante estival e Invernante (ICNF


A Gaivota-de-Audouin é uma espécie nidificante confinada ao Mediterrâneo.  A sua área de distribuição estende-se por Chipre, Espanha, França, Grécia, Itália e Turquia (BirdLife International/European Bird Census Council 2000). Também se encontra no Egipto, Ilhas Canárias, Jordânia, Líbano, Malta, Mauritânia e Suíça (Cramp & Simmons 1983).
Espécie parcialmente migratória, inverna principalmente na costa atlântica de África, estendendo-se ao Sul do Senegal e à Gâmbia.

A espécie a quem foi dado o nome do naturalista francês Jean Victor Audouin era muito rara e foi considerada a gaivota mais rara da Europa.

Quando em 1968 se estimou que a população total eram cerca de 800-1000 casais e se receou a extinção desta espécie, nos países de reprodução foram tomadas medidas de protecção eficazes entre elas foi o estabelecimento de uma nova colónia no delta do Rio Ebro (Espanha) em 1980.
Graças às acções de protecção realizadas, verificou-se um crescimento exponencial da espécie.
O aumento da população ao longo dos anos que se seguiram foi de tal modo surpeendente que se estimou que o numero em 1988 rondaria já os 8.200 casais (De Joana & Varela, 1993) e entre os 15.620-15.830 em 1993 (Audouin's Gull Workshop, Itália, 1994), assim distribuídos:

País
Nº. de casais
Nº. de colónias
Argélia
600-600
4
Chipre
10-20
1
França
90-90
2
Grécia
200-300
Min. 16
Itália
550-650
10
Marrocos
50-50
1
Espanha
14.000-14.000
8
Tunísia
70-70
4
Turquia
50-50
1
Total
15.620-15.830
48


Entre as razões que explicariam o aumento impressionante de efectivos reprodutores parece estar relacionada com a descoberta, pelas aves das colónias do Delta do Ebro  e das Ilhas columbretes de que se podiam alimentar dos desperdícios atirados ao mar por barcos de pesca (Parterson, 1992).
Actualmente a grande maioria da população total mundial (cerca de 90%) procria no Mediterrâneo espanhol.

Em Portugal, há uma nota interessante de William C. Tait (1924) referindo que os pescadores de Sagres lhe terão dito em 1922 que esta espécie criava duas milhas a Este da Ponta de Sagres,  mas que essa colónia terá desaparecido devido a moléstias e ao saque de ovos por coleccionadores. Tait também conta que nesse mesmo ano (1922) haviam rumores de criação de Audouini a Norte do Cabo de São Vicente,  na ilhota de São Francisco.
Até ao final do século passado esta espécie era muito rara em Portugal. Há pouco mais de uma década passou de "raridade" a "pouco comum" reflexo do inicio de criação de alguns casais, originários das colónias espanholas do Mediterrâneo Ocidental, que começaram a nidificar no Algarve no início deste século, embora com insucesso reprodutor muito elevado.
De qualquer modo embora se esteja a verificar um aumento do número de casais nos sapais de Castro Marim e na Ria Formosa, o numero de indivíduos desta espécie observados em Portugal ainda é reduzido e praticamente concentrado na costa algarvia verificando-se pouca dispersão para o interior até à albufeira do Alqueva e pela costa atlântica até à zona centro do país.
Penso que é licito considerar ainda como raridade a observação desta espécie para norte da Praia de Mira até à Galiza. Daí que esta minha observação seja o primeiro registo desta espécie no concelho de Matosinhos.
No Norte da Europa e Portugal Insular (Açores  e Madeira) a espécie tem o estatuto de conservação de Acidental.

A gaivota-de-Audouin tem forte associação com as águas da plataforma continental, ocorrendo geralmente próximo da costa. Habitualmente descansa durante o dia em salinas, praias arenosas e zonas lagunares costeiras, próximo das áreas de alimentação no mar, que normalmente visita durante a noite. A sua dieta é constituída principalmente por peixes como sardinhas e anchovas, estando fortemente relacionada com a actividade piscatória. Nidifica colonialmente, por vezes em alta densidade, em ilhas rochosas ou arenosas, em penínsulas arenosas e em salinas.

O Estatuto de Conservação da Gaivota-de-Audouin tem melhorado muito, todavia, o facto de grande parte da população reprodutora estar concentrada geograficamente num reduzido número de colónias, constitui um grave risco para a espécie. Acrescente-se ainda a competição com as gaivotas-de-patas-amarelas que disputam o mesmo território e outros predadores terrestres podem ser factores importantes de mortalidade e de insucesso reprodutor.

Estatuto de Conservação:
Global (UICN 2004): NT (Quase Ameaçado).
Nacional (Cabral et al. 2005): VU (Vulnerável).
Espanha (Madroño et al. 2004): VU (Vulnerável).
SPEC (BirdLife International 2004): 1 (Espécie ameaçada a nível global).

(Fonte: Plano Sectorial da Rede Natura 2000 - ICNB)


Fotografias da ave (3cy) observada na Praia de Matosinhos em 22.04.2016.

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